Este fim-de-semana, ouvi um senhor na televisão falar no “orgulho de ser branco”. Um português dizer-se orgulhoso de ser branco. Coisa estranha esta que me deixou a pensar.
Depois falaram de pátria. A pátria? Santo Deus que ainda não perceberam. Portugal não é pátria. Portugal é mátria. É senhora roliça de feições rosadas. É senhora madame em casa suposta da fronteira. Por cá foram passando todo o género de camionistas. Fenícios, gregos, romanos, nórdicos e cartagineses. Para deleite da meretriz refastelada no canto da península. Para proveito e fama bem maior que algumas áreas de repouso do IP3.
E quando, depois de milhares de anos, cessaram as fecundas visitas, decidiu a rameira partir em diáspora, procurando nova homenzoada no outro lado do mar. E que bela aventura essa, repleta de alegrias. Homens havia para todos os gostos e quase todos os tamanhos: ele era brancos, amarelos e pretos. Loiros, índios e indianos. Esquimós e africanos para ementa completa. E se perguntassem à marafona qual o seu prato favorito, a sôfrega respondia babando: tutti fruti! tutti fruti!
E assim se fez o país e o seu povo. Um português é bisneto de Maomé, sobrinho neto de Abraão, filho de um Mustafá, primo da rainha Ginga, tio de um Xanana, arraçado Baniwa ou Guarani, irmão de um Cabinda e o primo mais branco que temos chama-se Madhav e vive em Goa. Até os Macondes do norte de Moçambique têm o “sangue mais puro” que o nosso.
“Orgulho em ser branco” parece-me um franco exagero. Portugal não tem brancos. Tem uns que são mais pálidos de espírito que os outros. E esses bem podem dar graças ao Senhor por não terem nascido com cauda.
[Rodrigo Moita de Deus]
Depois falaram de pátria. A pátria? Santo Deus que ainda não perceberam. Portugal não é pátria. Portugal é mátria. É senhora roliça de feições rosadas. É senhora madame em casa suposta da fronteira. Por cá foram passando todo o género de camionistas. Fenícios, gregos, romanos, nórdicos e cartagineses. Para deleite da meretriz refastelada no canto da península. Para proveito e fama bem maior que algumas áreas de repouso do IP3.
E quando, depois de milhares de anos, cessaram as fecundas visitas, decidiu a rameira partir em diáspora, procurando nova homenzoada no outro lado do mar. E que bela aventura essa, repleta de alegrias. Homens havia para todos os gostos e quase todos os tamanhos: ele era brancos, amarelos e pretos. Loiros, índios e indianos. Esquimós e africanos para ementa completa. E se perguntassem à marafona qual o seu prato favorito, a sôfrega respondia babando: tutti fruti! tutti fruti!
E assim se fez o país e o seu povo. Um português é bisneto de Maomé, sobrinho neto de Abraão, filho de um Mustafá, primo da rainha Ginga, tio de um Xanana, arraçado Baniwa ou Guarani, irmão de um Cabinda e o primo mais branco que temos chama-se Madhav e vive em Goa. Até os Macondes do norte de Moçambique têm o “sangue mais puro” que o nosso.
“Orgulho em ser branco” parece-me um franco exagero. Portugal não tem brancos. Tem uns que são mais pálidos de espírito que os outros. E esses bem podem dar graças ao Senhor por não terem nascido com cauda.
[Rodrigo Moita de Deus]
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